Excesso de informações e de tarefas — comum na atualidade — causa problemas de concentração, afeta a memória e gera estresse
Rio - Você está ao computador ouvindo música, dividindo seu tempo entre responder dezenas de e-mails não lidos e se atualizar das últimas notícias. Pisca a janela do Messenger, você não consegue esperar para ler. O celular apita, chegou uma nova mensagem. A TV ligada na sala chama sua atenção com mais um boletim urgente, abafando o barulho do rádio que seu irmão escuta no quarto. Nesse meio tempo, aparecem 30 tuítes não lidos na sua timeline no Twitter, 120 novos links se acumulam no Google Reader. E avisos de recados no Orkut e no Facebook chegam à sua caixa de entrada,juntando-se à pilha de e-mails que você tenta, angustiado, mas não consegue diminuir.
Arte: O Dia
Provavelmente você já vivenciou algo parecido. Quem vive no mundo de hoje, onde estar atualizado parece cada vez mais urgente, sofre do mesmo problema: a “overdose de informação”. Graças à tecnologia, diariamente uma avalanche de dados chega até nós e, com ela, a sensação de que precisamos estar o tempo todo conectados, absorvendo tanto conteúdo quanto for possível.
Especialistas têm analisado as mudanças causadas pela excessiva estimulação digital na tentativa de comprovar como esse comportamento pode ser nocivo. Um grupo de pesquisadores do Laboratório de Cognição Aplicada da Universidade de Utah, nos EUA, comprovou que usar aparelhos eletrônicos durante a condução de veículos afeta o cérebro e a atenção de motoristas — uma situação multitasking (multitarefa), quando o indivíduo desempenha mais de uma atividade ao mesmo tempo. O estudo mostrou que, ao celular, a velocidade de reação do motorista diminui e o risco de acidente é 4 vezes maior.
“É certo que a sobrecarga de informação desencadeia o déficit de atenção. Ao computador, o usuário faz mil coisas ao mesmo tempo. Sem se concentrar em apenas uma delas, acaba fazendo todas mal”, critica Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas. Lemos acredita que, diante de tamanha oferta, torna-se impossível manter a atenção. “Na ânsia de acompanhar tudo, a pessoa perde o foco e se dispersa facilmente”, diz.
Em 2004, o cientista Eyal Ophir, da Universidade de Stanford, comparou usuários multitarefa e pessoas que não usavam computador. Os participantes observaram uma imagem com retângulos vermelhos à qual, mais tarde, foram acrescentados retângulos azuis. Perguntados se os vermelhos haviam se movimentado, o grupo multitasking teve desempenho muito pior porque ficou prestando atenção também nos retângulos azuis, irrelevantes para a resposta.
Consequências físicas
O excesso de informações e tarefas também têm consequências físicas. “Cada vez que o cérebro é solicitado, ele recebe um estímulo. As pessoas têm sofrido uma multiestimulação, e nosso organismo não foi feito para isso”, explica Cristiano Abreu, psicólogo e pesquisador do Instituto de Psiquiatria da USP, que cita o estresse, a ansiedade e a estafa mental como principais sintomas. Ronaldo Lemos concorda. “Você está na fila do banco e vê que os e-mails não param de chegar, que a lista de tarefas aumenta. Isso desperta a ansiedade”, pontua. Para a “geração zapping” — crianças que crescem já em contato com a tecnologia —, os prejuízos do uso excessivo do computador envolvem, além das dificuldades de atenção, o empobrecimento da língua.
“Pensamos linguisticamente, e reduzir o vocabulário significa reduzir o pensamento”, opina o psiquiatra infantil Francisco Assumpção, que também reconhece possibilidades positivas. “Com moderação, o computador é um bom instrumento para desenvolver a percepção e a atenção da criança”, pondera.
Especialistas têm analisado as mudanças causadas pela excessiva estimulação digital na tentativa de comprovar como esse comportamento pode ser nocivo. Um grupo de pesquisadores do Laboratório de Cognição Aplicada da Universidade de Utah, nos EUA, comprovou que usar aparelhos eletrônicos durante a condução de veículos afeta o cérebro e a atenção de motoristas — uma situação multitasking (multitarefa), quando o indivíduo desempenha mais de uma atividade ao mesmo tempo. O estudo mostrou que, ao celular, a velocidade de reação do motorista diminui e o risco de acidente é 4 vezes maior.
“É certo que a sobrecarga de informação desencadeia o déficit de atenção. Ao computador, o usuário faz mil coisas ao mesmo tempo. Sem se concentrar em apenas uma delas, acaba fazendo todas mal”, critica Ronaldo Lemos, diretor do Centro de Tecnologia e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas. Lemos acredita que, diante de tamanha oferta, torna-se impossível manter a atenção. “Na ânsia de acompanhar tudo, a pessoa perde o foco e se dispersa facilmente”, diz.
Em 2004, o cientista Eyal Ophir, da Universidade de Stanford, comparou usuários multitarefa e pessoas que não usavam computador. Os participantes observaram uma imagem com retângulos vermelhos à qual, mais tarde, foram acrescentados retângulos azuis. Perguntados se os vermelhos haviam se movimentado, o grupo multitasking teve desempenho muito pior porque ficou prestando atenção também nos retângulos azuis, irrelevantes para a resposta.
Consequências físicas
O excesso de informações e tarefas também têm consequências físicas. “Cada vez que o cérebro é solicitado, ele recebe um estímulo. As pessoas têm sofrido uma multiestimulação, e nosso organismo não foi feito para isso”, explica Cristiano Abreu, psicólogo e pesquisador do Instituto de Psiquiatria da USP, que cita o estresse, a ansiedade e a estafa mental como principais sintomas. Ronaldo Lemos concorda. “Você está na fila do banco e vê que os e-mails não param de chegar, que a lista de tarefas aumenta. Isso desperta a ansiedade”, pontua. Para a “geração zapping” — crianças que crescem já em contato com a tecnologia —, os prejuízos do uso excessivo do computador envolvem, além das dificuldades de atenção, o empobrecimento da língua.
“Pensamos linguisticamente, e reduzir o vocabulário significa reduzir o pensamento”, opina o psiquiatra infantil Francisco Assumpção, que também reconhece possibilidades positivas. “Com moderação, o computador é um bom instrumento para desenvolver a percepção e a atenção da criança”, pondera.
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