quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Rio+20 começou - mas o que isso tem a ver com a sua vida?




Uma sociedade mais justa, próspera e sustentável. Essa é meta da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, que começa hoje (13) e vai até o dia 22 no Rio de Janeiro. Líderes e delegações de mais de 180 países do mundo começam a chegar à cidade, de onde, há 20 anos, saíram documentos importantes, como a Agenda 21, assinada na Eco-92, um texto chave com estratégias que devem ser adotadas para a sustentabilidade. Foi a partir daquele encontro que o tema ecologia entrou, com força, no cotidiano das pessoas e das empresas.
Desde então, o mundo passou por mudanças extremamente positivas. O desmatamento caiu, os países reforçaram a proteção de sua áreas verdes, o buraco na camada de ozônio deixou de assustar (praticamente paramos de emitir substâncias nocivas, como gás CFC) e a expectativa de vida aumentou – hoje vivemos em média 62,5 anos, quatro anos a mais do que em 1992.


Também vivemos melhor: pelo menos 62% da população global tem acesso ao saneamento básico (na década de 90, esse percentual era de apenas 47,4%) e o número de pessoas a baixo da linha da pobreza caiu de 1,9 bilhões para 1,3 bilhões em 2010.


Apesar das melhorias, ainda há muito a fazer. As emissões de CO2 dispararam em 40% ao longo das duas últimas décadas, associadas especialmente ao uso intensivo de combustíveis fósseis, e o planeta ficou 0,5 graus Celsius mais quente. Alguns dos avanços conquistados também trouxeram consigo efeitos colaterais graves.


O aumento do PIB per capita veio acompanhado de uma demanda alta por bens e serviços que, para serem produzidos, precisam de matéria-prima. Não à toa, a extração total de recursos pulou de 75,2 bilhões de toneladas para mais de 110 bilhões de toneladas. O problema é que o planeta não está dando conta de se regenerar na mesma rapidez.


Pior, essa diferença entre a capacidade de regeneração do planeta e o consumo humano gera um saldo ecológico negativo que vem se acumulando desde a década de 80, também estimulado pelo crescimento populacional. Em conjunto, todos os 7 bilhões de habitantes consomem hoje entre 1,3 e 1,5 planetas por ano, de acordo com a Global Footprint Network, uma organização de pesquisa que mede a pegada ecológica do homem no planeta.

Neste ritmo alucinante, a humanidade vai precisar de dois planetas por ano a partir de 2030 para suprir suas necessidades. Propor soluções para essa difícil equação entre crescimento econômico e preservação ambiental é o cerne da Rio+20 – uma conferência que passa despercebida e desconhecida por pelo menos 7 em cada 10 brasileiros.

O que você precisa saber sobre a Rio+20

O objetivo da Conferência é assegurar um comprometimento político renovado com o desenvolvimento sustentável, avaliar o progresso feito até o momento e as lacunas que ainda existem na implementação dos resultados dos principais encontros sobre desenvolvimento sustentável, além de abordar os novos desafios emergentes.

Pesquisa recenta mostra que a economia verde pode gerar em 20 anos até 60 mi de empregos, uma vez que o atual modelo de desenvolvimento não é mais capaz de gerar emprego produtivo e trabalho decente.

Em paralelo, uma série de eventos promovidos pela sociedade civil e organizações não-governamentais também devem mobilizar a opinião pública e atrair ainda mais a população para questões críticas,  como energia, consumo consciente, direitos humanos, justiça social, entre outros.

Os temas em foco

Economia verde  - A transição para uma economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza é um dos assuntos que serão tratados na Conferência da ONU. Na economia verde, o desenvolvimento sustentável compete à integração e análise equilibrada dos objetivos sociais, econômicos e ambientais a tomada de decisão tanto pública quanto privada.

Governança - O quadro institucional e instrumentos de governança para o desenvolvimento sustentável é o segundo tema central da Rio+20. Na prática, trata-se de se discutir as formas como os governos podem tirar do papel os compromissos, declarações e protocolos para o Desenvolvimento Sustentável negociados nos últimos anos. E também de como tornar as três dimensões desses planos (social, econômica e ambiental) estratégicas dentro das decisões políticas em todo o mundo.

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